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sábado, janeiro 21, 2012

21 de Janeiro de 2011

   Há exatamente um ano, fui tomada por uma felicidade que me preencheu como jamais havia ocorrido. Foi um dia que começou bem cedo, afinal não dormi nada na noite que o antecedeu. Sabia o que estava por vir independente do resultado ser ou não o que eu almejava. E pra ser sincera, não estava preparada para nenhum dos dois.
   No dia 21 de janeiro de 2011, também conhecido como "O dia mais feliz da minha vida" levantei em torno de 7h da manhã tomada por um nervosismo tamanho, maior do que qualquer coisa que eu pudesse imaginar, maior até que aquele nervosismo que sentia ao acompanhar uma cobrança de pênaltis na final de um campeonato. E eu jurava que a maior tensão que poderia sentir na vida era essa. Mas naquela sexta-feira, comprovei que estava errada.
   O listão da Universidade Federal do Pará seria divulgado às 9h da manhã. Mas às 8h eu já não aguentava mais esperar, pra falar a verdade eu não conseguia nem respirar direito. Não suportando mais aquele aperto no peito desisti de esperar pela divulgação do listão na rádio e dirigi-me a reitoria da universidade juntamente com minha prima, que também havia prestado vestibular. A diferença é que ela não estava a ponto de ter um colapso nervoso.
   Apesar de no dia 7 de janeiro já ter sido aprovada em Letras Língua Portuguesa na Universidade Estadual do Pará, e de ter comemorado bastante já que aquela era a minha primeira aprovação no vestibular, eu sentia que me faltava algo, que só a felicidade da minha aprovação não era o bastante, e mesmo com todo o orgulho que exalava de todos os meus familiares e amigos que comemoraram junto a mim, aquilo não era o suficiente. Eu buscava, queria, precisava de algo mais.
   Enquanto me dirigia ao campus da universidade, fui tomada por inúmeros pensamentos. Me questionava se eu realmente merecia aquilo, se tinha feito por merecer aquela aprovação. Se as médias que havia obtido nas provas de seleção iam ser o suficiente.
   Para quem olha de fora, o vestibular parece apenas um prova que te levará ao ensino superior, mas não é bem assim. Não são apenas notas, são vidas, são sonhos que estão em jogo. E naquele dia, os meus sonhos, a minha vida estava em jogo.
   Caminhava em direção a reitoria e não tinha sequer noção do que estava fazendo, muito menos do que se passava ao meu redor, a única coisa que eu desejava era que aquele aperto no peito acabasse.
   O meu nervosismo aumentou 82377374% ao ver a divulgação sendo feita ridiculamente por meio de um “pisão”. Os responsáveis pela divulgação dos aprovados deram UM envelope com os listões nas mãos de desconhecidos que estavam ao lado de fora da reitoria e eles foram tirando as listas e repassando-as. Naquele momento desesperei-me, sentei na calçada e comecei a chorar loucamente enquanto minha prima tentava conseguir ver o resultado dela e posteriormente o meu.
   Enquanto ouvia alguns comemorando, e outros lamentando, eu continuava sentada e aquele aperto no peito aumentava a cada segundo. De repente minha prima chega até mim e me diz que ela não havia passado. Esqueci de mim e comecei a lamentar por ela, já que era a terceira vez que ela não conseguia sua aprovação. Naquele instante me senti tão egoísta por estar desesperada por uma segunda aprovação enquanto que ela não tinha mais chances de ser aprovada naquele ano.
   Após um tempo, ela se acalmou e então foi em busca do meu resultado, enquanto eu, a ponto de desmaiar, continuava sentada na calçada a chorar. Tinha quase certeza que não conseguiria ser aprovada, estava só tentando me conformar com o resultado que me seria em poucos minutos.
   Muitas pessoas que estavam ao lado de fora da reitoria buscavam desesperadamente pelo listão do seu curso, alguns tão eufóricos que acabavam rasgando alguns listões. Quando eu via aquela cena, ficava pensando que naquele papel poderia estar a lista do meu curso, e me desesperava mais ainda.
   Finalmente, graças a Deus - senão eu ia me jogar no rio e morrer afogada pra acabar de vez com aquele desespero - minha prima chega a mim e diz “Tu passaste!”. Lembro-me como se fosse há 2 segundos. Não tive forças para gritar, muito menos esboçar alguma reação, apenas abracei-a e pus-me a chorar. Em seguida, ainda duvidando dela, fui atrás do bendito papel e vi meu nome lindo lá na lista de aprovados.
   Nunca conseguirei relatar o que senti naquele momento. Foi um misto de “Porra eu consegui!” com “Caralho, é verdade mesmo?”. Só sei que foi a melhor sensação que já havia sentido. Era impossível acreditar que algo que eu havia começado a sonhar em 2007 tivesse se concretizado. Aquela foi a minha maior conquista, talvez por ter sido a MINHA conquista. Algo que consegui com meu esforço.
   Saber que todos os sacrifícios ao longo do ano valeram a pena, e pensar que meu sonho havia se realizado, eram coisas que não cabiam em mim, e talvez por isso essa felicidade transbordou através de lágrimas.
   Talvez nem mesmo eu conseguisse deduzir o que aquela conquista significava em minha vida, mas ela se traduziu em uma frase proferida por minha mãe no primeiro abraço que ela me deu como caloura de Comunicação Social. Ela, aos prantos, olhou-me com os olhos pintados de orgulho e disse-me “Agora tu vais fazer o que tu queres”. Naquele momento eu tive um pouco de noção de tudo que estava sentindo.
   É, aquela sexta-feira foi única. A quebra de ovos, os banhos com refrigerante, dançar carimbó na chuva, os abraços daqueles que estavam felizes com a minha conquista, nada disso tem preço.
   Pensava que fazer o que eu queria, ou seja, exercer jornalismo seria o que de mais importante poderia ocorrer em minha vida. É, eu estava completamente enganada. Sem dúvidas o dia 21 de janeiro de 2011 foi um dia incrível, mas a felicidade desse dia se fragmentou nesse um ano, e se fragmentará a cada dia dos três anos de curso que ainda estão por vir. Esse 21 de janeiro apenas serviu para cruzar o destino de 51 pessoas (número simbólico). 51 vidas que a partir daquela sexta-feira nunca mais seriam as mesmas. São 51 corações que se juntaram em um, e formaram a turma de Comunicação Social 2011. Não apenas uma turma, e sim uma família.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Despedidas

  Decidi-me. Optei por sorrir. Podia e talvez até devesse chorar até que as lágrimas acabassem, mas preferi sorrir. Notei que sofrer não te faria ficar e então pus um sorriso em meu rosto. A principio me senti culpada e até meio tola por me fazer de forte quando na verdade morria por dentro.
  Enquanto a maioria das vozes me diziam “Eu te avisei!”, uma voz gritava baixinho “Valeu a pena!”. Nesse momento notei que a felicidade dos últimos seis meses era muito maior do que a tristeza da tua partida. Os dias difíceis que estão por vir serão meras horas se comparadas a todas as boas lembranças que guardo de nós.
  Optei por lembrar o quanto foi bom ao invés de lamentar o nosso fim. Na verdade eu espero, e torço, para que esse adeus de hoje tenha sido um até logo. Sei que agora tens que partir, e usando a razão eu até compreendo e concordo com tua atitude. Agora explicar isso pro meu amigo que bate aqui no meio do peito, é outra história. Confesso que até tentei, mas quando quis explicar isso a ele, não conseguia ouvir minha voz porque ele gritava bem alto o teu nome.
  Os próximos dias serão mais longos do que de costume. Sentirei saudades, mas não de ti, e sim de nós. Sentirei saudades de quem eu era quando estava ao teu lado. Ah, me desculpa pelo drama de mais cedo, apenas precisava pensar. Vais achar loucura a minha bipolaridade, mas só estou deixando a tristeza de lado, e fazendo o que tu me ensinaste a fazer, ser feliz.


terça-feira, janeiro 10, 2012

Com ou sem mim

  Sei que discutir de quem foi a culpa não adianta, pois nossos erros já foram cometidos e não tem mais volta. E por mais que eu tente, eu nunca consigo me expressar como quero. Mas como te disse outra vez, por mais que eu te enlouqueça ao dizer inúmeras contradições, no fundo sempre sei o que sinto. E justo por isso te digo que mesmo que precisasse viver na insegurança de te perder novamente, eu ainda assim arriscaria. Arriscaria ficar ao lado até quando desse e depois quando necessário, soltar tua mão e te dizer “seja feliz”. As coisas já não são mais as mesmas, tudo se intensificou. O nosso gostar de antes, passou a ser um “eu te amo!”. E mesmo que quase ninguém entenda esse amor vagabundo, nós sabemos que no fundo o que amamos em si não é um ao outro, e sim o que construímos juntos, a nossa amizade. Te perder novamente doeria, não nego. Mas aproveitar cada sorriso teu vai me confortando até quando o dia em que eu precisar soltar tua mão chegue. Nesse dia guardarei o que sinto por ti, ouvirei aquela canção com a qual me fizeste chorar, e terei a certeza do quanto tudo isso que vivemos foi bom. Pois independente de tudo, o que desejo mais, além de te ter ao meu lado, é a tua felicidade, mesmo que ela esteja em outras mãos.


Definições

  Já havia um tempo que estava disposta a tentar mudar algumas coisas do ano passado. E apesar dos inúmeros conselhos que recebia não conseguia seguir nenhum. Talvez eu pedisse conselhos nem tanto pra saber a opinião dos outros a respeito dos assuntos discutidos, já que com o tempo percebi que eu estava em busca de alguém que me falasse o que eu queria ouvir, alguém que apenas ratificasse as minhas palavras, alguém que me encorajasse a tomar uma atitude convicta que pudesse me tirar daquele espírito de ano velho.
  De um modo extremamente casual iniciamos nossa conversa. Como minha história era bem longa, pedi a minha conselheira que nos mudássemos para um lugar mais seguro, mais reservado, para que eu pudesse contar a ela os motivos, três pra ser mais exata, da minha aflição.
  A princípio eu achava que ela seria apenas mais uma pessoa com a qual eu viraria a madrugada relatando meus fatos. Mas enganei-me por completo. Ela não foi mais uma pessoa a me aconselhar, ela foi A PESSOA. De um jeito simples - que nem eu entendi como - ratificou o que há tempos eu pensava, mas que nunca tive coragem de executar.
  Em minha mente, a noite seria mais uma na qual eu falaria sobre meus dramas, e alguém me ouviria. Mas não. Ela não apenas ouviu minhas palavras, mas falou, até mais que eu, e talvez esse fora seu diferencial. Ela me ouviu sim, mas acima de tudo se envolveu e me envolveu com suas histórias. E me mostrou que por mais que eu achasse que tudo aquilo só acontecesse comigo, não era bem assim, minha história era universal, meus problemas já foram vividos por tantos outros.
  Ela me mostrou que o caminho não seria fácil, mas me fez ver que eu não poderia recuar mais, senão esse caminho seria sem volta. Me fez compreender que era a hora de dar um basta, de “trocar as figurinhas”. De parar de construir esse drama no qual eu mesma estava me prejudicando. E começar a realmente ter um novo ano. Guardar o que foi bom, é claro. Mas deletar por completo os males.
  Talvez se nossa conversa tivesse acontecido antes, eu não haveria cometido tantos erros. Ou talvez ainda, se as outras dezenas de conversas não tivessem ocorrido antes dessa, a conversa de noite passada teria sido apenas mais uma noite de dramas, sem nada a mais a acrescentar.
  Lembro-me que prometi algumas coisas a ela, mas independente disso, já prometi tantas coisas a mim mesma, que desta vez, sinto-me quase obrigada a cumprir. De preferencia o mais rápido possível.
  Passei os últimos minutos da conversa agradecendo-a por suas sábias palavras, as quais até me pareciam ensaiadas devido a carga de identificação que tive nelas. Das palavras que ainda latejam em minha mente, muitas coisas marcaram, dentre elas o fato dela ter conseguido abrir meus olhos e me mostrar que não era a primeira e nem a última vez que tais coisas aconteceriam em minha vida, mas principalmente porque ela me mostrou que tudo vai passar, mas só vai passar quando eu quiser e tiver disposta a desfrutar o novo.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Eu acho...

   Eu acho que amo cada palavra que sai da tua boca. Teu abraço sufocante. Tuas piadas sem graça. Teu sorriso tímido a me cortejar. Teu jeito único de ignorar o mundo quando estou por perto. Tuas manias mais esquisitas. Teus provérbios insanos. Teu passado, a infelicidade contida nele e a mudança de astral após a minha chegada. A incerteza do nosso futuro e a inconstância do nosso presente. As conversas no meio fio esperando o dia amanhecer enquanto trocamos olhares saudosistas. O ritmo do teu caminhar, e o colorido que deixas ao passar  pelo meu caminho. O olhar de desejo que lanças sobre mim. Os teus erros, teus acertos, tuas atitudes arquitetadas que nunca dão certo. Teu jeito bobo por não saber lidar com o que sente. Tuas juras diárias de ser uma pessoa melhor. Teu jeito malandro de consertar cada besteira que me diz com mil elogios. A capacidade sem nenhum esforço aparente de me deixar com um sorriso bobo por dias. A sutileza com que me dizes pra pensar em ti até quando estiver dormindo. E teu jeito bobo de admitir que tudo isso é recíproco. Mas mesmo que isso não acontecesse, hoje eu ainda te diria, eu acho que te amo.