E sempre machuca, sempre. Mesmo quando deveria fazer sorrir.
Deveria ser paciente, e ouvir meus lamentos, mas não dava.
Não tinha tempo. Sempre tinha algo mais importante e inadiável para fazer.
Deveria enxugar meu prantos, mas na maioria das vezes fazia com que cada vez
mais eles aumentassem. Discussões desnecessárias, ironias que sempre causavam
dor. Deveria deixar-me só quando eu precisava, mas não dava. Para quem ela ia
contar seus feitos do dia? Quem era a única tola que sempre estaria ali para
ouvi-la? Que nunca ia fugir pelo simples fato de possuir um amor incondicional
que ultrapassava a amizade e que por ser tão intenso, não tinha como se
desfazer.
É claro que queria se livrar disso. Se libertar. É claro que
queria desfazer esse laço e seguir em frente, mas não conseguia. Talvez nem
quisesse tentar. Mas um dia, ah, um dia, os nós serão desatados, e o desdém que
sofreu por tanto tempo lhe servirá para encorajá-la e ela poderá seguir em
frente. Sem arrependimentos. Sem prantos e sem lamuriar aquilo que sempre
acreditou ter, mas que nunca foi seu.
Foto: We heart it |
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